sábado, 23 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 e o soco no estômago


Fomos ao cinema, nesta quinta-feira, assistir à Tropa de Elite 2 (eu e Moretto). Enquanto passavam os trailers, as pessoas iam entrando e se ajeitando, mas dentre estas pessoas lá estavam as crianças – aí eu pensei (1): “16 anos precisaria para ver” – e aquelas crianças que vimos tinham aproximadamente uns 6/7 anos. Pensei (2): “e eu que deixei de levar o meu filho (9 anos) para ver o filme que ele tanto queria”. Ainda tive de explicar o motivo pelo qual ele não poderia ir conosco, esquecendo-me que as regras foram feitas para serem quebradas.

Mas, desabafos a parte, quero falar do filme. Alías, eu preciso falar do filme.

É que – em comparação ao primeiro – Tropa de Elite 2 revela uma diferença bastante marcante na passagem de um filme para o outro, i.e., o bode expiatório mudou. Tropa de Elite 1 demonizou a figura do traficante de drogas (generalizando, já que não há o traficante - peculiaridades), agora, como diz no início do filme: O inimigo é Outro. Então o algoz (traficante) pode não ser ‘tão’, ou revelar-se bem menos demonizante que os miliciandos, mas no Tropa 2 os agentes de segurança são extraordinariamente repugnantes em relação aos traficantes.

Mas eu prefiro voltar ao início do filme, que dizia mais ou menos assim: “qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, este filme é uma ficção”. Depois de assistir ao filme torna-se meio obrigatório retornar a estes dizeres: Ficção (?).

Minha percepção é de que este filme é literalmente um soco no estômago (!). Saí do cinema sentindo exatamente esta sensação. O filme é extraordinariamente fantástico e mostra a “ficção” como ela (é), deixando a realidade "careca".

Muitas questões severamente importantes são abordadas no filme/ficção, e qualquer semelhança com a ficção é pura coincidência. Antes (Tropa 1) tínhamos a guerra contra o traficante/tráfico de drogas, agora (Tropa 2) temos a guerra contra o sistema.

E eu vou levar o piá para ver Tropa 2...





10 comentários:

  1. Tua descrição é brilhante.
    Algumas coisas me chamaram atenção também no início do filme. Sempre que mostravam agressões policiais contra os “vagabundos” tudo mundo caia na risada. A polícia e sua corrupção deslavada e a galera caindo na risada. Com o passar do filme as risadas foram acabando e, por outro lado, o filme foi, nas brilhantes palavras de Thaís, “um soco no estomago”.
    De qualquer forma, esta semana vamos levar o piá para ver o filme em família.

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  2. Como disse a minha mãe:
    Mãe: "filha a tua vó ligou dizendo que um motorista bateu na árvore em frente a casa dele, veio a EPTC e depois conseguiram cortar a árvore que estava caída no meio da pista da Lucas de Oliveira. As pessoas passavam, paravam o carro e olhavam para a árvore e com cara de apavoradas abriam a boca ao estiol - ahhh - como se aquilo fosse terrível.
    Filha (Thaís): Engraçado neh mãe? Quando seguem mais à frente - na esquina da Lucas com a Protásio - e "avistam" uma criança passando fome e pedindo dinheiro, aí (ninguém/sociedade) para e abre a boca ao estilo - ahhhh....

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  3. Como bem citado pela Thaís choramos com a ficção e somos displicentes com a vida real. ninguém se preocupa com menino na esquina, ele ainda não dá voto.

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  4. Ainda não assisti o filme... No interior essas novidades custam a chegar!
    Mas, em contrapartida, essas realidades também nos assolam!
    A sociedade finge que a desigualdade não existe. Prefere não ver para não sentir-se responsável!
    Como bem disseram, o filme Tropa de Elite 1, já havia chocado um tanto! Mas o que ficou na lembrança da sociedade foram as risadas e os "jargões" do BOP! " PEDE PRA SAIR 06!!!!" A sociedade é que ainda não "pediu para sair" dessa nossa realidade que oprime, exclui, estigmatiza e é totalmente massificadora!!! Fruto da total descrença nos projetos emancipatórios!
    Havemos de considerar, entretanto, que existe polícia e polícia!!! Lembro algumas de nossas discussões acerca desse assunto... Acredito que hoje, que dás aula para uma parcela desses profissionais, tenha mudando um pouco a tua posição, que, à época, era bastante generalista!
    Joio e trigo em todos os segmentos! Inevitavelmente, mas ambos... resultado de ALGO!

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  5. Lu,

    minha amiga siamesa!
    Linda as tuas palavras, brilhante o teu pensamento.
    Que bom te ler, sabes?
    Realmente e, que bom, que as pessoas 'podem' mudar, e que bom que eu possa me modificar cotidianamente.
    Realmente, já não sou mais a mesma, muitas coisas mudaram e estão mudando. Já não sou mais a mesma daquela época, não sou mais a mesma de ontem, e amanhã já não serei mais aquela que (hoje) escreve.
    Bom te ter por aqui neste blog, um espaço formidável para discussões à distância.
    Uma evolução - também - constante.
    Bjs e...
    a.m.o

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  6. Adorei o amiga siamesa!!!
    Muito bom nos permitirmos a evolução! Praticar as virtudes que nos tornam mais sensíveis ao outro! Que a vida seja um constante evoluir, com os avanços e tropeços que isso importa! E que possamos sempre contar uma com a outra, bem como com as pessoas que nos são caras, para que possamos perceber que sempre resta a fé, a esperança e o amor nos corações, ainda que calejados! E que o que é mais importante, entretanto, dentre essas 3 coisas... é o AMOR, que nos torna diariamente pessoas mais humanas!
    a.m.o2

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  7. Muita análise minha cara...
    No final de tudo, ganhamos com a nossa transformação, mas não apenas (nós) ganhamos, também mudamos aos outros, justamente quando olhamos ao outro com olhos de humanidade.
    amo3

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  8. “3º Imparcial”
    Venho acompanhando a trajetória de ambas desde os tempos do CESUPA (2004) e lá se vão 6 anos. A Luana (siamesa) apresentada por uma colega estava escorada na antiga livraria vestindo um moletom, já a Thaís se auto apresentou em sala de aula, vestida de preto pronta para a balada.
    Diferente de muitos que passam pelas nossas salas de aula ambas se destacavam, a Luana que apesar de seu jeito meigo traz consigo a força de quem vem das bandas das missões, pronta para a peleia, (faço aqui mea-culpa: pois em certo dia com o intuito estúpido de querer impor respeito na prova levantei a voz imputando-lhe a suspeita de que pudesse vir a colar, o que desestruturou o seu pensamento, uma vez que ela sequer sabia o motivo pelo qual estava sendo acusada), tem se mostrado uma grande lutadora, tanto que partiu para as bandas da Europa e no seu retorno, para o Brasil, para o RS e Para Santo Angelo, retomou os estudos para agora tornar-se uma Mestre.
    Thaís, você chegou chegando, inacreditavelmente chegando. Lembro quando após a primeira aula cheguei em casa e falei sobre uma aluna, quem era? Thaís. O que na época foi algo totalmente sem nexo (falamos de filhos, lareira, ...), hoje me faz pensar, por qual motivo, tendo 50 alunos na sala, fui falar justamente com ela, que após anos viria a ser minha esposa? Você Thaís mudou muito, inacreditável o quanto mudou, mas você é uma Fenix e, portanto, você renasce com força redobrada a cada queda, de modo que tuas pernas te levarão para onde tu quiseres. Se colocas uma meta, saiba que você pode demorar, mas que irá alcançar, irá. Esta lutadora que tem dentro de você, com a garra de vencer e tendo como princípio a dignidade humana tem servido de referencial para muitos dos teus alunos, e pude perceber isto em SC, só demonstram que tu és uma grande vencedora, e uma futura Doutora, stricto sensu.
    Você duas não tem ideia do que mudou e o quanto mudaram, mas nós que estamos fora deste complexo sistema (Luana–Thaís; Thaís-Luana) podemos passar horas e mais horas escrevendo sobre isto. Que a brilhante amizade de você nunca se perca e que o amor e a fé que ambas tem por seus princípios fortaleça cada vez mais o caminho que cada uma trilha e quando precisarem juntem as forças, pois ambas, cada qual com suas características próprias, conseguirão reverter muitas injustiças.
    Meninas, mantenham esta brilhante amizade, pois uma amizade verdadeira custa aquilo que o $ não pode comprar.

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  9. Sem palavras!!! O moletom e o salto agulha pareciam mesmo que não encontrariam afinidade alguma! Um destoaria o outro! Que bela surpresa foi quando justamente a troca proporcionou uma bela combinação! De ânimos e personalidades... Estilos e valores! Muitos destes últimos reconhecemos em comum, e, por isso mesmo costumávamos dizer que "eu sou civil, ela é penal, mas ambas somos constitucional..."
    Amizade que eu quero levar para todo o sempre!
    Que Deus assim permita! E há de permitir, pois nos fez para o amor... E a nossa amizade tb é uma manifestação de amor!
    Uma missioneira e uma guerreira! rss
    Obrigada pelas palavras Moretto!
    Obrigada pelo carinho minha amiga Thaís!
    Meus queridos afilhados!!! A-M-O - V-O-C-Ê-S-!!!
    Um beijo

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