sexta-feira, 19 de março de 2010

TV francesa mostra participantes de reality show dispostos a torturar

da BBC Brasil


Um documentário que será exibido nesta quarta-feira na televisão na França mostra participantes de um game show sendo estimulados a torturar seus rivais no programa.
Os participantes são instruídos a puxar alavancas para aplicar choques elétricos - e aumentar a voltagem - em seus rivais, que ficam amarrados em cadeiras elétricas.


No entanto, os participantes não são informados de que seus oponentes, que estão amarrados nas cadeiras elétricas, são na verdade atores, e que não há choque nenhum sendo aplicado.

O game show foi criado especialmente para o documentário "Jusqu'où va la télé?" ("Até onde vai a TV?", em português) que vai ao ar nesta quarta-feira.

Segundo os produtores do documentário, o objetivo do game show é mostrar como as pessoas podem se comportar de forma inaceitável em reality shows.

Eles afirmam que o documentário mostra quantos participantes em um ambiente de TV concordam em agir contra seus próprios códigos e princípios morais quando orientados a fazer algo extremo.

No game show, 82% dos participantes concordaram em puxar a alavanca, acreditando que estavam aumentando a dor nos seus rivais.

O game show tem todos os elementos de um programa de TV tradicional, com uma audiência gritando "punição!" e uma bonita apresentadora encorajando os participantes.

Um dos autores do documentário disse que os produtores ficaram "impressionados" com o número de participantes que obedeceram às ordens sádicas da apresentadora.

Experiência em Yale
Os resultados refletem uma experiência semelhante realizada há quase 50 anos na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, pelo psicólogo social Stanley Milgram.

Os participantes assumiram o papel de professor, infligindo o que acreditavam ser choques elétricos a um ator cada vez que ele respondia uma pergunta incorretamente. O documentário será exibido pelo canal estatal France 2.

Fonte: Folha de São Paulo



3 comentários:

  1. Se a minha memória não me engana por completo, no livro Modernidade e Holocausto, Bauman comenta essa experiência realizada por tal psicólogo em uma universidade. Na época, as pessoas recebiam o comando do professor, que era a autoridade científica da vez (isto é, seus comandos são incontestáveis por agir sob a égide da ciência), de modo que não se sentiam responsabilizadas por seus atos. É interessante observar como as pessoas se comportam quase como máquinas, não questionam o que fazem, sobretudo por serem orientadas pelo professor-autoridade. É a típica transferência de responsabilidades... Ou como diriam os funcionários do Reich: “eu estava apenas seguindo ordens”.interessante observar como as pessoas se comportam quase como máquinas, não questionam o que fazem, sobretudo por serem orientadas pelo professor-autoridade-científica-incontestável. É a típica transferência de responsabilidades... Ou como diriam os funcionários do Reich: “eu estava apenas seguindo ordens”

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  2. fui corrigir e comentei de novo =/

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  3. David,

    o psicólogo se chama Stanley Milgram e ele simulou algo semelhante na década de 60. O objetivo dele residia em descobrir como era o funcionamento do comportamento das pessoas quando a autoridade fornecia ordens, sendo que estas ordens emanadas de valores contrários aos das pessoas envolvidas. Esta pesquisa permitiria a compreensão da atuação dos guardas nazistas na Segunda Guerra Mundial quando do genocídio. Realmente interessante a observação, inclusive para se pensar no que a mídia nos proporá daqui uns dias, levando-se em consideração a dimensão que ela atinge, através de seus 'ditadores'.

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